sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Simplória agonia

Eu tenho vontade de desistir de tudo, ou de gritar para quem quisesse ouvir que eu vou ser o que eu quero ser e não o que escolheram pra mim.
Cansei de gente falando como eu devo ser, o que eu devo usar, do que devo gostar, em que preciso me dedicar. Cansei de ter que alcançar nota, de ser limitada ou pressionada para atingir algo que não é de minha vontade. Estou cansada de ser classificada, de ser taxada disso ou aquilo quando eu queria simplesmente ser eu mesma e não precisar me envergonhar disso.
Tenho vontade de ficar muito doente ao ponto de não poder sair de casa, e ficar lá, quietinha no meu quarto, com a janela fechada e a cortina impedindo que qualquer raio solar entre e estrague todo o ambiente ermo que custei a formar.
Vontade de ligar o som bem alto e não ter vizinhos para reclamar. Cantar bem alto e não ter ninguém para me reprimir.
Tenho vontade de fugir, sumir desse mundo, ficar sozinha. Mas ao mesmo tempo tenho medo de ser traída por meus próprios pensamentos.
Vontade de esquecer tudo o que me causou feridas; de apagar minha memória e começar tudo de novo. Tenho vontade mesmo é de fazer justiça a tudo que me arrancou lágrimas indesejadas.
Eu quero cavar um buraco e me tampar ali dentro. Quero criar barreiras e não deixar nunca mais ninguém se aproximar de mim. Quero ter um escudo só meu, viver em uma bolha onde só entra o que me convém.
Tenho vontade de aprender a voar, a fugir do frio e voltar só na primavera. Me orgulhar dos meus próprios atos, ficar alegre com as minhas conquistas, e me valorizar como deveria. Atingir tudo o que sempre quis, dentro dos meus conceitos e dos meus valores.
Tenho vontade de esquecer, por um instante, que o outro existe e preocupar-me apenas com o que EU sinto e com o que eu EU vou sentir. Ser auto-suficiente, não depender de ninguém e ignorar tudo aquilo que possa me fazer algum mal.
Eu quero poder sair sem hora pra voltar, conhecer gente nova, deixar que me conheçam de verdade. Quebrar tabus, preconceitos e leis. E não me importar com nada disso. Não me importar com o que pensavam, com o que pensam e com o que vão pensar.
Eu queria simplesmente ser eu mesma e não precisar me envergonhar disso.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Extraterrestre

Sinto que estou em uma outra estação. Um local que não me é de origem. Longe, totalmente distante de minha realidade, na qual me reservo e transfiguro quando necessário. E mesmo que tudo pareça estranho - ao olhar de alguém de fora - nada me abala ao ponto de me fazer querer partir e pousar no mundo que todos conhecem. Aliás, não há um mundo que todos conheçam. Aquele que diz ser do mesmo mundo de outrém mente, e é tão convarde como uma criancinha. Quero dizer, atrevo-me ao máximo ao dizer que criancinhas são covardes. Ao meu ver, estas são as mais corajosas que existem. Ao cair no chão após uma tentativa não calculada e correr pela rua, sua primeira reação é tentar entender o que aconteceu. Em seguida procura seu porto-seguro e este lhe transmite segurança com um simples olhar, na medida em que os segundo passam um sorriso reluzente surge em seu rosto e, ao apoiar as mãozinhas no chão, ergue-se e se alegra com a própria vitória. Talvez tenha machucado a mão, saído com algum arranhão ou até mesmo um corte, mas apoiou-se em sua falência e nela se ergueu. Diga-me agora, pode-se chamá-los de covardes? Não.
E por saber que confundo tudo em meu mundo e o torno diferente de todos os outros é que me acalmo e desconheço aquilo que não me convém. Pode parecer egoísmo de minha parte, e acredito que seja mesmo. Mas as vezes é bom pensar na sua própria sanidade e as condições de mantê-la estável.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Querido diário...

Tudo o que eu menos queria vai acabar por acontecer. Transformar esse blog num diário virtual, onde eu registro tudo o que aconteceu no meu dia e blá blá blá. Tentei evitar isso ao máximo, mas senti necessidade de registrar tudo em algum lugar. E nada mais prático do que um blog, certo? Ninguém vai ler isso aqui afinal. Assim espero, pelo menos.
A começar pela hora de acordar. Nunca foi tão difícil para mim abrir os olhos. Sei que todos os dias eu repito isso, mas parece que quanto mais (ou menos) eu durmo à noite, com mais sono eu fico. E isso gera stress durante o resto do dia, pode apostar. Não que eu seja uma pessoa super estressada nem nada, eu tento me conter. De qualquer forma... Tomei um banho rápido, coloquei a primeira roupa que vi, calcei meu tênis e fui comer alguma coisa. Coisa pouca, como sempre... Adimito ser um tanto quanto escrava dessa estética de que "gordinhas não têm vez". Não que eu me importe com o que os outros pensem sobre mim nem nada - porque eu realmente não me importo - mas é como se eu estivesse insatisfeita comigo mesma. Todo mundo tem defeitos afinal.
A partir daí começa a triste rotina. Nem tão triste assim, foi só modo de falar. Tive meus compromissos acadêmicos - mais pautas a fazer. Será que a professora não cansa? - e finalmente voltei para casa. E lá a mesma rotina de sempre: chamei alto minha mãe, para avisar que cheguei, e entreguei à minha cama minha mochila. Troquei de roupa como se já fosse final de semana e corri para aquilo que preenche minhas tardes - fora estudos. Meu computador. E nessa onda de passar mais tempo conversando pela internet do que pessoalmente foi que eu caí na real sobre o verdadeiro sentido de me "comunicar". Eu estudo sobre isso, certo? Deveria estudar pelo menos, mas isso não vem ao caso agora.
Até onde vai o que chamamos de virtual? Uma vez, uma professora minha disse que não existe essa separação tremenda que todo mundo insiste em fazer de 'virtual' para 'real'. Tudo é real. Se eu converso com alguém que mora longe, eu não converso de mentirinha. Se eu me aproximo de pessoas pela internet, pessoas que eu até então não sabia nem o sobrenome, e, de repente, torna-se confidente, não é de mentirinha. Virtual e Real andam de mãos dadas. E depois daquela aula eu passei a encarar as coisas um tanto quanto diferente. Nem pior, nem melhor. Diferente, apenas. E creio que isso tenha feito tal diferença ao ponto de fazer com que eu enxergasse certas coisas por outro ângulo.
Sou muito nova ainda pra dizer que "vivi muito", mas alguma experiência dessa vida eu já tenho. E nesse meio me dei conta de quanta coisa eu perdi por ignorar o fato de que o virtual era tão real quanto NÃO parece. E, de de certa forma, é mesmo. Mas esse também é um assunto pra outra hora.

Acho que escrevi demais. Isso aqui tá quase um livro.
Chega de baboseiras rotineiras por hoje. Tudo o que eu queria se resume em: sossego. Só precisava de um bom livro, chocolate quente, um filme que me arranque risadas involuntárias, meu edredon - e uma boa companhia para dividí-lo, música calma, receber um "boa noite" ao pé do ouvido e dormir... Dormir e só acordar quando o ano letivo tivesse acabado.