quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Ponteiros

Ela estava lá, sentada sob à sombra da maior árvore que encontrara, pensando no que havia feito de tão errado assim. Lembrou de cada poeira, mas o porquê era difícil de ser decifrado.

A impaciência estava evidente pelo tremer de suas pernas cruzadas e o estalar de dedos. Olhava seu relógio de pulso de minuto a minuto. E a cada brisa leve que passava por ali, um arrepio subia por sua coluna. Seria a presença dele? Ou a vontade de tê-lo por perto, presente, a fazia sentir e iludir?

Tirou da bolsa um pequeno álbum de fotos antigas. Entre uma seleção de fotos juntos e separados, seja em casa ou na praia, a sensação de perda não deixava por menos. Tantos foram as brigas escandalosas e os erros imperdoáveis; tantos os sorrisos envergonhados e as reconciliações. A essência nunca faltava ali. Mas a dor estava fincada, ao fundo, e parecia não ter deixado nada para trás. A saudade era maior do que a satisfação e a dor a corrompia.

- É inacreditável.

Sentiu uma lágrima rolar pelo seu rosto quente. Entre as fotos encontrou uma carta antiga, de papel amarelado graças ao tempo guardado. As palavras mais doces e sinceras que ela já lera, de fato.

- "Não hesitei um segundo ao perceber que era você".

Ela lia, re-lia, e as lágrimas caiam aos montes. E toda declaração era pouca para a intensidade do olhar e do sorriso no qual se baseava os sonhos dela. As semelhanças entre os desejos dela e as frustrações dele eram incomuns aos outros; eles se completavam.

Enquanto ela estivesse disposta, enquanto amasse, o esperaria. Mesmo não sabendo quando voltaria ou se. O desejo era maior que o descaso.

3 comentários:

Anônimo disse...

e você me emociona, baixinha. :*

luisfilipe disse...

"Seria a presença dele? Ou a vontade de tê-lo por perto"


é gostoso sentir isso.

autorretrato disse...

vamos atualizar, hein ?! vc escreve tão bemm, adoreiiiiiii ! =D