Não há mais relacionamentos entre vizinhos, familiares que só se encontram no Orkut, amigos que marcam encontro numa janela de MSN, e para que tanto investimento em alfabetização de ponta nas escolas se o Word tem autocorreção?
As crianças não têm mais tempo para viver suas infâncias. Precisa fazer esporte, língua estrangeira, aula de música e reforço de matemática. Seus pais justificam o corre-corre com o sustento: os filhos ficam em segundo plano, mesmo num final de semana ensolarado. Porque o celular toca e é preciso voltar ao trabalho, e a conversa fica para outra hora.
Não há mais rádio para ouvir, televisão para assistir, e a informação não circula. A internet não conecta, não há ninguém para entregar as cartas – muito menos para escrevê-las. Fotografias não são mais reveladas por não significarem mais nada. Nem lembrança, que nos remete a histórias e segredos da família. Não há mais comunicação.
Todos se tornam surdos e mudos, sem libras, sem expressões, sem comunicar-se. Signos saem de suas prioridades para serem simplesmente ícones, nada de especial os cerca. Há mais tempo para particularidades, para preocupações, porque não há mais tempo cerrado a cumprir e cobranças. Mas não há entendimento, nem relacionamentos mútuos. Sentimentos esfriam por não chegarem como a mensagem devida. Um exílio obrigatório, sem zunidos.
Artigo escrito para a disciplina de Lab. Jornal Impresso, em 3 de fevereiro de 2010.
3 comentários:
Como eu gostaria de deixar de ser artista e ser um simples ignorante que assiste bbb e ri das noticias do jornal... Mas infelizmente eu enxergo a realidade e ela me consome.
Essa síndrome pós-moderna. Estou lendo esse seu texto, enquanto o msn está ligado no offline e a tv também passa sessão da tarde. Paaara tudo! haha
Ai, síndrome, mesmo.
Tô lendo às 2h da madrugada! Vou me matar, fui. Brinks.
Gostei, mari :*
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